"SE ALGO ELÉTRICO PUDESSE SALVAR O MUNDO, EM VEZ DE CRUCIFIXO TERIA MUITA GENTE COM UMA TORRADEIRA PENDURADA NO PESCOÇO"
É assim que a revista Galileu da editora Globo inicia sua matéria sobre a lavagem cerebral verde e os veículos elétricos.
Vamos começar com os carros...
O carro elétrico polui (e muito...)
A energia que consome vem, em sua maioria, de fontes pouco ecológicas. Existe um motivo para este tipo de veículo nunca ter dado certo. E o Brasil não precisa dele agora nem num futuro próximo.
Do ponto de vista de poluição local, o carro elétrico é muito bom. Não emite gases tóxicos — nem sequer contribui para o aumento da poluição sonora. O problema é quando se abre o foco e se pensa do ponto de vista da poluição global. Para abastecer um carro elétrico, é preciso ligá-lo na tomada, por várias horas. Essa energia elétrica precisa vir de algum lugar. Na maior parte do mundo, ela é fornecida por queima de combustíveis fósseis: carvão, gás natural e óleo pesado. No Brasil, ela vem de usinas hidroelétricas que inundam grandes áreas, destruindo florestas. A inundação de florestas além de eliminar árvores que absorvem o CO2, as mata e elas apodrecem, liberando Metano (CH3) na atmosfera, e o metano é 6 vezes pior para a atmosfera do que o CO2. Ou seja, este tipo de veículo emite CO2 indiretamente, no momento de ser abastecido, às vezes até em maior quantidade do que o mesmo veículo com motor a combustão.
Vejamos: os carros elétricos estão no mercado há muito tempo. Já existiam em Paris, em 1881. Em 1888, Londres inaugurava seu primeiro ônibus movido a eletricidade. Tudo indicava que tomariam as ruas, mas quem venceu foram os veículos com motores de combustão interna. E não é porque eles são mais eficientes, não. É porque são mais baratos. Desde o século 19, esse panorama não mudou. Quando eu olho para daqui a 10 ou 20 anos, não vejo o carro elétrico dominando o mercado, porque ele é caro demais. Talvez, quem sabe, para 2050...
Ainda assim, o governo americano vem investindo nos subsídios a carros elétricos. Hoje, o cidadão do país que compra um veículo deste tipo pode abater até US$ 7.500 no imposto. O governo da Califórnia banca a instalação doméstica do aparelho de abastecimento do carro. A Europa vêm investindo pesado na pesquisa deste tipo de modelo. Mas estudos do próprio governo americano apontam que o carro elétrico continuará sendo comercialmente inviável pelos próximos dez anos.
O problema é que esses países são pressionados a reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Para eles, o carro tende a ser o bode expiatório da emissão de CO2 porque os veículos podem ser considerados um luxo, principalmente em locais onde o transporte público funciona. Daí o investimento pesado em veículos híbridos, elétricos, movidos a hidrogênio... O importante é lançar no mercado modelos que não lancem poluentes por um escapamento. Se o carro elétrico vai aumentar a poluição gerada por usinas termelétricas, problema delas.
E estamos falando de países que não têm alternativas energéticas, mas constituem um mercado automobilístico grande e sólido. No caso do Brasil, a aposta em veículos elétricos, que vem sendo discutida internamente pelo governo federal, não faz nenhum sentido. Temos uma alternativa tão pouco poluente quanto o modelo elétrico, e muito mais barata: o etanol. Nosso álcool pode não ser 100% renovável, porque usamos diesel para arar a terra e transportar o combustível. Mas é equiparado aos carros elétricos, até porque as próprias plantações de cana-de-açúcar recolhem gases poluentes do ar. E essa é uma indústria já solidificada e instalada. Para reduzir a emissão global de CO2 não precisamos gastar o mesmo que os países europeus. Essa aposta faz sentido para a indústria automobilística deles, não para a nossa — até porque nosso mercado é composto por carros pequenos e (tirando a alta carga de impostos) baratos.
A aposta no carro elétrico é uma estratégia de autodefesa da indústria automobilística dos países desenvolvidos. Não é a hora do Brasil investir nesse mercado. Já temos nosso próprio combustível não-poluente, e ele é muito mais barato.
Ainda assim, o governo americano vem investindo nos subsídios a carros elétricos. Hoje, o cidadão do país que compra um veículo deste tipo pode abater até US$ 7.500 no imposto. O governo da Califórnia banca a instalação doméstica do aparelho de abastecimento do carro. A Europa vêm investindo pesado na pesquisa deste tipo de modelo. Mas estudos do próprio governo americano apontam que o carro elétrico continuará sendo comercialmente inviável pelos próximos dez anos.
O problema é que esses países são pressionados a reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Para eles, o carro tende a ser o bode expiatório da emissão de CO2 porque os veículos podem ser considerados um luxo, principalmente em locais onde o transporte público funciona. Daí o investimento pesado em veículos híbridos, elétricos, movidos a hidrogênio... O importante é lançar no mercado modelos que não lancem poluentes por um escapamento. Se o carro elétrico vai aumentar a poluição gerada por usinas termelétricas, problema delas.
E estamos falando de países que não têm alternativas energéticas, mas constituem um mercado automobilístico grande e sólido. No caso do Brasil, a aposta em veículos elétricos, que vem sendo discutida internamente pelo governo federal, não faz nenhum sentido. Temos uma alternativa tão pouco poluente quanto o modelo elétrico, e muito mais barata: o etanol. Nosso álcool pode não ser 100% renovável, porque usamos diesel para arar a terra e transportar o combustível. Mas é equiparado aos carros elétricos, até porque as próprias plantações de cana-de-açúcar recolhem gases poluentes do ar. E essa é uma indústria já solidificada e instalada. Para reduzir a emissão global de CO2 não precisamos gastar o mesmo que os países europeus. Essa aposta faz sentido para a indústria automobilística deles, não para a nossa — até porque nosso mercado é composto por carros pequenos e (tirando a alta carga de impostos) baratos.
A aposta no carro elétrico é uma estratégia de autodefesa da indústria automobilística dos países desenvolvidos. Não é a hora do Brasil investir nesse mercado. Já temos nosso próprio combustível não-poluente, e ele é muito mais barato.
Texto por: Francisco Nigro
Francisco Nigro é engenheiro mecânico, pesquisador do desenvolvimento de motores e assessor técnico da Secretaria de Desenvolvimento do governo do Estado de São Paulo.
Após ler este texto do Francisco Nigro, resolvi pesquisar o impacto do aeromodelismo elétrico. Descobri que além de apresentar os mesmos problemas (alto custo, desempenho ineficiente, poluição na linha de base da geração de energia), o aeromodelo elétrico ainda apresenta o problema do Lítio presente nas perigosas baterias de Ions de Lítio (Li-Ion) e Polímeros de Lítio (LiPo). Além destas baterias serem bastante perigosas (podem explodir, incendiar e etc.), ainda há o problema do Lítio em si. Acompanhem o texto abaixo:
Lítio - Novo Eldorado ou miragem efêmera?
Mina de Lítio em Uyuni (Bolívia)
Graças às suas importantes reservas de lítio, comparadas ao Chile (3 milhões de toneladas), à China (1,1 milhões de toneladas) e aos Estados Unidos (410.000 toneladas), a Bolívia dá ao presidente boliviano Evo Morales uma "alavancagem" econômica e política considerável.
Em um primeiro momento, a Bolívia anunciou que queria explorar suas minas de lítio (na região de Uyuni), sem recorrer a parceiros externos - ocasião em que as empresas japonesas, francesas e sul-coreanas se precipitaram na tentativa de obter concessões.
Como a Bolívia decidiu jogar a carta do lítio, o Presidente Morales sinalizou ter necessidade de investidores cuidadosos, "com o respeito aos regulamentos bolivianos", e não desejosos "de fazer política" ou "de conspirar contra o governo".
O país começou a construir uma usina-piloto de extração de lítio num local situado no delta do Rio Grande, em Uyuni. A usina-piloto custará no início cerca de 5,7 milhões de dólares (aproximadamente 9,7 milhões de reais), podendo custar no final até 150 milhões de dólares (cerca de 255 milhões de reais), segundo o economista Juan Carlos Zuleta.
Contudo, a extração do lítio possui um custo ambiental elevado. A Meridian International Research fez publicar em um relatório que "a extração de lítio necessária para satisfazer 10% da demanda da indústria automobilística mundial causaria danos, irreversíveis e generalizados (...), incompatíveis com a noção de carro limpo".
Essa extração "vai igualmente gerar poluição, e não apenas a partir de combustíveis fósseis, mas também das usinas de lítio que produzem dióxido de enxofre. Não é uma solução mágica", explicou por sua vez Luis Echazú, Ministro das Minas. De fato, a exploração obriga utilizar o cloro para separar o lítio (cancerígeno) a partir de compostos de magnésio.
William Tahil, diretor de pesquisas da Meridian, estimou que o planeta terá necessidade de 420.000 toneladas de carbonato de lítio - seja: seis vezes mais que a produção anual mundial atualmente. Por outro lado, R. Keith Evans, geólogo especialista em lítio, declarou em seu blog a existência de "28 milhões de toneladas desse metal a ser extraída, suficiente para todo mundo".
Em um primeiro momento, a Bolívia anunciou que queria explorar suas minas de lítio (na região de Uyuni), sem recorrer a parceiros externos - ocasião em que as empresas japonesas, francesas e sul-coreanas se precipitaram na tentativa de obter concessões.
Como a Bolívia decidiu jogar a carta do lítio, o Presidente Morales sinalizou ter necessidade de investidores cuidadosos, "com o respeito aos regulamentos bolivianos", e não desejosos "de fazer política" ou "de conspirar contra o governo".
O país começou a construir uma usina-piloto de extração de lítio num local situado no delta do Rio Grande, em Uyuni. A usina-piloto custará no início cerca de 5,7 milhões de dólares (aproximadamente 9,7 milhões de reais), podendo custar no final até 150 milhões de dólares (cerca de 255 milhões de reais), segundo o economista Juan Carlos Zuleta.
Contudo, a extração do lítio possui um custo ambiental elevado. A Meridian International Research fez publicar em um relatório que "a extração de lítio necessária para satisfazer 10% da demanda da indústria automobilística mundial causaria danos, irreversíveis e generalizados (...), incompatíveis com a noção de carro limpo".
Essa extração "vai igualmente gerar poluição, e não apenas a partir de combustíveis fósseis, mas também das usinas de lítio que produzem dióxido de enxofre. Não é uma solução mágica", explicou por sua vez Luis Echazú, Ministro das Minas. De fato, a exploração obriga utilizar o cloro para separar o lítio (cancerígeno) a partir de compostos de magnésio.
William Tahil, diretor de pesquisas da Meridian, estimou que o planeta terá necessidade de 420.000 toneladas de carbonato de lítio - seja: seis vezes mais que a produção anual mundial atualmente. Por outro lado, R. Keith Evans, geólogo especialista em lítio, declarou em seu blog a existência de "28 milhões de toneladas desse metal a ser extraída, suficiente para todo mundo".
Espero que os leitores do blog entendam que embora eu deteste aviões elétricos, vira e mexe eu acabo voando um, sim! E com este post, não estou pedindo que vocês peguem seus aviões elétricos e joguem no lixo. Apenas vamos por a mão na consciência, pois toda vez que falo algo contra os aviões elétricos vem alguém e fala "voamos elétricos por que estamos preocupados com o mundo" e a verdade é que os elétricos estragam o mundo muito mais do que os aviões à combustão. Logo, revejam seus conceitos, isso é sempre importante... Todo mundo aqui esquece que eu fui um dos primeiros em Brasilia a ter aviões elétricos, mas logo vi que aquilo não era bom, e voltei para a combustão. E quando estiverem voando seus aviões elétricos lembrem sempre : "Sim, estou voando, mas este avião aqui é para o MEU prazer, e não estou fazendo ABSOLUTAMENTE NADA pra ajudar o mundo."
E vamos voar! Afinal, voar é o importante, não importa o que...
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