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terça-feira, 27 de abril de 2010

Para por fim à discussão...

Sempre que estamos na pista alguém lembra da história do reverso aberto em vôo, se dá, se não dá, o que acontece...

Como eu já disse INÚMERAS vezes, vários modelos de aviões podem abrir os reversos em vôo, mas ainda assim o povo teimoso insiste em querer sacanear e tal... Desta vez resolvi provar de uma vez por todas que os reversos podem (e em algumas situações DEVEM) ser abertos durante o vôo, como forma de reduzir a velocidade.

Primeiro caso: Aviões comerciais que abrem o reverso em vôo

Ilyushin IL-62 - Avião russo, produzido de 1963 a 1995. Devido a total ausência de spoilers ou outras formas de freio aerodinâmico, deve utilizar os reversores dos motores 2 e 3 (internos) para reduzir a velocidade de aproximação. (conforme visto abaixo, na foto)

Yakolev YAK-42 - Avião russo, produzido de 1979 a 2002. Devido a necessidade de operar em pistas curtas e cheias de neve, pode acionar o reverso do motor central em vôo. Apenas o do motor central, os outros dois nem reverso tem... Abaixo, uma foto do bicho com o reverso aberto em vôo.

Douglas DC-8 - Avião americano, produzido de 1957 até 1972, retirado de operação apenas em 1995. Devido à ausência de spoilers (exatamente o mesmo motivo do IL-62) deve utilizar os reversores dos motores 2 e 3 (internos) para reduzir a velocidade de aproximação. Porém, se o piloto baixar o trem de pouso (em qualquer situação), torna-se possível acionar o reverso de qualquer um dos motores, ou mesmo dos 4 em vôo (conforme visto abaixo, na foto), o DC-8 foi o único avião comercial a ser certificado em todos os tempos para executar essa manobra. Curiosidade sobre o DC-8, ele também foi o primeiro avião comercial a passar da barreira do som, em um mergulho.. 10 anos antes do concorde...

Foto do DC-8 descendo com os reversos abertos (notem que a fumaça da turbina está indo pra cima, devido ao deslocamento em 45 graus dos reversores) DC-8-63 (turbojato)

Nesta foto, a turbina 4 (na verdade TODAS) está com o reverso aberto, e o F-86 que está voando ao lado tem que acionar os spoilers (airbrakes) pra poder frear junto.. Reparem também que a altitude é grande...
(leiam o texto em inglês que confirma o assunto) DC-8-6M (TurboFan)


Concorde - Assim como o IL-62, o Concorde também usava reverso em vôo apenas nas turbinas centrais, mas apenas em modo IDLE REVERSE, destinado a criar mais arrasto para frear o avião e resfriar os motores. Na foto abaixo, os reversos estão abertos, mas não dá pra ver, visto que ficam embaixo da asa... Seu "primo" russo, o Tupolev-144 também abria o reverso dos motores internos em vôo, mas podia acelerar para baixar a velocidade e perder altitude rapidamente em caso de emergência.

Gulfstream G-II - Jatinho comercial, que pode abrir o reverso para fazer descidas MUITO rápidas. Embora o manual do avião não recomende, muitos pilotos sabem que este jatinho é capaz de abrir o reverso em qualquer altitude. Valendo-se deste fato a NASA usa um, com comandos modificados (APENAS OS COMANDOS) para treinar pilotos a pousar o Ônibus Espacial (Space Shuttle). A manobra consiste em subir até 30000 pés, colocar os motores em reversão total e baixar os trens de pouso principais (o dianteiro não aguenta e fica guardado até a hora do toque). A manobra é conhecida como "Falling Brick" (ou seja, tijolo que cai) e simula perfeitamente as condições de pouso do ônibus espacial...

Foto do Gulfstream G-II em Falling Brick

Segundo Caso: Aviões Militares que abrem o reverso em vôo

Boeing McDonnel Douglas C-17 Globemaster III - Avião de transporte tático norte-americano. Abre o reverso dos motores internos (2 e 3) em vôo para uma manobra especial conhecida como Tactical Descent (descida tática), onde o avião desce de 15000 pés para 2000 pés em menos de 2 minutos. Essa foi pra sacanear, além da foto, achei o vídeo... Prestem atenção na posição das manetes do acelerador (no meio do console)




Só pra constar nos "autos" o C-5 Galaxy também executa esta mesma manobra, exatamente do mesmo jeito.

Farchild A-10 Thunderbolt - Avião destruidor de Tanques norte-americano. Abre o reverso em vôo para reduzir rapidamente a velocidade de 850Km/h para cerca de 290Km/h, facilitando assim a vida do piloto, ao mirar um treco de 40 toneladas com uma metralhadora enorme encima de algo pouco maior que uma caminhonete... Abaixo a foto com o reverso aberto.

Em matéria de aviões militares que executam esta manobra, saibam que inúmeros modelos o fazem, entre eles o nosso C-130 Hércules (Passo Beta nas hélices). Se eu fosse citar todos os que achei fazendo isso, ia passar o dia inteiro postando os nomes, modelos e especificações. Mas entre os famosos, está o F-35, que usa o reverso pra frear o vôo até o vôo pairado, de forma a facilitar a operação de pouso vertical.

Aviões modernos e/ou mais leves não precisam mais utilizar este recurso devido à introdução de outras formas "mais confortáveis e econômicas" de frenagem aerodinâmica. O acionamento dos reversores em vôo sacode bastante o avião (conforme visto no vídeo o C-17) devido à turbulência gerada pelo empuxo à frente, e consome uma quantidade considerável de combustível. Estes dois motivos levaram a técnica ao desuso. Pilotos americanos e europeus ainda são treinados a utilizar este recurso (quando a aeronave permitir) em caso de emergência e/ou neve na pista. Em caso de neve na pista deve-se tocar as rodas no chão o mais devagar possível. Um dos links abaixo descreve o procedimento, prestem atenção que ele liga os reversores ANTES do toque na pista.

Espero ter esclarecido o assunto de uma vez por todas...  E para o caso de alguém ainda ter dúvidas, basta seguir os links abaixo e ir discutir com a NASA, com a Boeing, com a Yakolev, Ilyushin e etc..

fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_DC-8
http://www.nasa.gov/vision/space/preparingtravel/rtf_week5_sta.html
http://www.oaviao.com.br/artigos/bassani/oeracao_inverno.shtml
http://www.google.com (procurem por "in-flight reverse thrust")

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